Público Edição Digital

Djokovic irrepreensível na final de Turim

Apesar do forte apoio do público local, Jannik Sinner foi incapaz de repetir a vitória de há dias sobre o sérvio nas ATP Finals

Pedro Keul

Aos 36 anos, Djokovic concluiu a temporada com mais de 55 encontros ganhos

Há 15 anos que não se registava uma réplica tão fraca numa final das ATP Finals, mas mais do que a exibição de Jannik Sinner, aquém do que tinha feito ao longo da semana, há que destacar a quase perfeição de Novak Djokovic no encontro em que conquistou mais um grande título: o sétimo nas ATP Finals, superando o anterior recorde de Roger Federer, e o sétimo em 2023. Uma das melhores épocas da carreira do sérvio de 36 anos, em que termina como incontestável número um mundial, depois de ter triunfado no Open da Austrália, Roland Garros, US Open e ATP Finals.

O líder do ranking vencer nas ATP Finals não é assim tão habitual — não acontecia desde 2016. Só que Djokovic tem superado a concorrência mais jovem e é somente o segundo tenista com mais de 35 anos a fechar a época com mais de 55 encontros ganhos, imitando Ken Rosewall, em 1970 e 1973. Mais selectivo no calendário, Djokovic surgiu nos grandes eventos em grande forma e perdeu somente uma final, em Wimbledon, para Carlos Alcaraz.

No derradeiro duelo das ATP Finals, Djokovic exibiu-se a um nível muito elevado e a final ficou desequilibrada numa série de 14 pontos consecutivos para o sérvio, entre o fim do primeiro set — em que somou sete ases e cedeu somente dois pontos a servir — e o início do segundo, com um break.

Sinner salvou dois break-points para evitar o 0-3 e, ao fim de 1h10m, obteve as suas primeiras oportunidades de break, mas Djokovic não abanou e recuperou de 15-40 para fazer o 4-2. Após um jogo de 16 minutos, Sinner voltou a ameaçar, mas o sérvio recuperou de 0-30 e, com a vantagem de 5-3, pressionou para fechar, na única dupla-falta do italiano, por 6-3, 6-3.

“Uma das minhas melhores épocas de sempre, sem dúvida, coroada com uma vitória sobre o herói local, Jannik, que tem jogado um ténis espantoso. Estou muito orgulhoso das exibições frente a Alcaraz e Sinner, os melhores do mundo a par de mim e do Medvedev. Tive de elevar o nível e jogar tacticamente de forma diferente do encontro da fase de grupos”, admitiu Djokovic.

Pouco depois, não resistiu a traduzir em palavras a felicidade que representou ter os dois filhos a assistir: “É uma enorme emoção. Sempre quis competir diante deles quando tivessem idade para terem consciência do que se passa e sou abençoado por ser pai destes dois anjos, que dão tanta alegria à minha vida e, sem dúvida, que me dão muita força.”

Sinner tinha derrotado Djokovic na terça-feira, na segunda jornada do Grupo Verde, e, dois dias depois, ironicamente, acabou por ser ele a viabilizar a qualificação do sérvio para as meias-finais, graças ao triunfo obtido sobre Holger Rune. O italiano foi também o primeiro tenista com menos de 23 anos a chegar sem derrotas à final das ATP Finals desde Roger Federer, em 2003, e o primeiro italiano a disputar o derradeiro encontro. Um pequeno prémio de consolação depois de ter feito um torneio de alto nível.

A época de Djokovic e Sinner, porém, ainda não terminou, uma vez que os dois estarão, já a partir de amanhã, a competir em Málaga, Espanha, onde se preparam para liderar, respectivamente, as selecções da Sérvia e Itália, à conquista da Taça Davis.

Desporto

pt-pt

2023-11-20T08:00:00.0000000Z

2023-11-20T08:00:00.0000000Z

https://ereader.publico.pt/article/282175065853762

Publico