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Mais de cem sítios patrimoniais foram danificados ou destruídos devido aos bombardeamentos em Gaza

Inês Pinto Pereira

Um relatório preliminar da Heritage for Peace, uma organização não-governamental espanhola, revela que mais de cem sítios patrimoniais e locais históricos de Gaza foram destruídos desde 7 de Outubro, devido aos bombardeamentos israelitas.

O território de Gaza é um verdadeiro melting pot cultural por abrigar vestígios de várias civilizações, dos egípcios aos gregos, que influenciaram a região ao longo dos séculos. Mas essa herança parece estar em risco perante a destruição de museus e bens arqueológicos e religiosos em curso naquela faixa.

Várias mesquitas históricas foram atingidas pelas Forças de Defesa de Israel. O relatório da Heritage for Peace enumera que a mesquita Omari, “uma das mais importantes mesquitas da Palestina”, a mesquita Ibn Uthman e a mesquita Sayed Hashem ficaram completamente destruídas e que a igreja de São Porfírio, considerada a terceira mais antiga do mundo, ficou danificada.

As autoridades palestinianas terão ainda sido alertadas para os danos infligidos nos museus de Rafah e de Deir al Balah. O fundador do Museu Al Qarara, Mohammad Abulehia, relata danos significativos no edifício e na colecção depois de uma casa adjacente ter sido atingida por um míssil. “Criei o museu para proteger e preservar o património cultural tangível e imaterial de Gaza”, afirma, notando que “o que resta da colecção está agora em perigo”. E deixa um alerta: “Não há um lugar seguro em Gaza.”

Também um cemitério com dois mil anos, descoberto no ano passado no Norte de Gaza, e no qual foram encontrados dezenas de sepulturas antigas e dois sarcófagos raros, foi “completamente destruído”.

Citado pelo Art Newspaper, o presidente da Heritage for Peace, Jehad Yasin, diz não ter informação acerca do estado em que se encontram os sarcófagos, mas admite que, se estiverem destruídos, se perderá “uma página da História” da Palestina.

Do conjunto de locais danificados pelos ataques israelitas consta um dos três sítios de Gaza que integram a Lista Provisória do Património Mundial da UNESCO: o porto de Anthedon, considerado o primeiro porto marítimo conhecido daquele território. A destruição afectou ainda os projectos de investigação sobre os sítios arqueológicos marítimos do território, nomeadamente o Projecto de Arqueologia Marítima de Gaza (Gazamap), levado a cabo pela Universidade de Southampton e pela Universidade de Ulster, em parceria com a Universidade de Oxford.

“Temos de preservar este património cultural, porque não é apenas palestiniano; é património mundial”, sublinha Jehad Yasin. Texto editado por Inês Nadais

Cultura

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2023-11-29T08:00:00.0000000Z

2023-11-29T08:00:00.0000000Z

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