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FC Porto desconvoca assembleia para revisão dos estatutos

Nuno Sousa

Era praticamente uma formalidade e foi confirmada ontem: a assembleia geral (AG) extraordinária de deliberação dos novos estatutos do FC Porto, que havia sido suspensa na segunda-feira e adiada para 20 de Novembro, foi mesmo cancelada devido à retirada da proposta pelo conselho superior.

De acordo com uma nota assinada pelo presidente da mesa da assembleia geral (MAG), José Lourenço Pinto, a “desmobilização” surge “por solicitação da direcção” dos vice-campeões nacionais de futebol, tendo em conta a “manifesta falta de objecto” em debate. Isto porque a revisão dos actuais estatutos era o único tema na agenda do encontro.

A decisão surgiu dois dias após uma reunião entre os membros do conselho superior — inicialmente prevista para debater o relatório e contas —, que ratificaram “por unanimidade” e no “superior interesse” do clube “azul e branco” uma moção para remover a proposta de revisão estatutária por si elaborada.

Em comunicado, o órgão consultivo, que é comandado, por inerência, por José Lourenço Pinto, referiu que, com esta decisão, aprovada por unanimidade, procurou “apaziguar o divisionismo que se quer criar na família portista”. “O condicionamento criado à assembleia geral e o empolamento artificialmente criado pela comunicação social e redes sociais tiveram como resultado os lamentáveis incidentes a que assistimos, convertendo uma importante assembleia num momento de primárias incendiadas”, apontou.

Os trabalhos tinham sido suspensos na segunda-feira pela própria MAG, já depois de uma primeira interupção da reunião motivada por insultos, manobras de intimidação e confrontos físicos entre sócios. Isto numa noite que começou agitada e terminou da pior forma.

Em causa, na tentativa de revisão de estatutos, estava não só a alteração da data das eleições (de Abril para Junho), mas também outros temas que geraram divisão, como a introdução do voto electrónico, a abertura de mesas de voto nas casas do FC Porto ou a maior liberdade na realização de negócios entre o clube e os membros dos órgãos sociais.

Foi com a intenção de discutir e votar esta proposta que mais de 3000 associados se apresentaram no Estádio do Dragão, na passada segunda-feira. Tendo em conta que a AG estava marcada para um auditório com capacidade para cerca de 400 pessoas, a mudança súbita para o Dragão Arena deixou largas centenas de sócios ainda fora do recinto quando os trabalhos se iniciaram.

A sessão acabou por ser cancelada, já que os incidentes provocaram o abandono de muitos dos presentes. Os distúrbios foram condenados pela direcção do FC Porto no dia seguinte, prometendo usar “os meios que tem ao alcance para identificar os responsáveis pelas agressões”, e motivaram a abertura de um inquérito por parte do Ministério Público.

Desporto

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2023-11-19T08:00:00.0000000Z

2023-11-19T08:00:00.0000000Z

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