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Trump diz que ameaças a juiz não justificam silêncio nas redes sociais

Ex-Presidente dos EUA rejeita ser responsável por ameaças dos seus apoiantes e quer continuar a falar em público sobre o juiz

Alexandre Martins

Os advogados de Donald Trump reconhecem que o juiz nova-iorquino Arthur Engoron, responsável pelo julgamento em que o ex-Presidente dos Estados Unidos e a sua empresa são acusados de fraude, foi alvo de ameaças tão graves que justificam “a aplicação de medidas de segurança adequadas”. Apesar disso, os advogados defendem que Trump não pode ser proibido de falar em público sobre Engoron — a quem Trump já acusou, perante os seus milhões de seguidores nas redes sociais, de ser “um juiz psicopata da esquerda radical”.

Em causa está um pedido dos responsáveis pela segurança no tribunal a que o juiz pertence para que Trump volte a ser proibido de se referir em público a Engoron e à principal assistente deste, Allison Greenfield.

A proibição inicial, ordenada por Engoron a 3 de Outubro, foi suspensa há menos de duas semanas por um juiz do tribunal da relação de Manhattan, e está agora a ser revista por um painel de três juízes do mesmo tribunal, esperando-se uma decisão até ao final da semana.

Na segunda-feira, os advogados de Trump disseram aos juízes que as ameaças contra Engoron e Greenfield — incluindo ameaças de morte “graves e credíveis” e mensagens anti-semitas, segundo um relatório do responsável pela segurança no tribunal de primeira instância de Manhattan — “não justificam” que o ex-Presidente dos EUA “veja anulados os direitos garantidos pela Primeira Emenda da Constituição norte-americana”, referentes à liberdade de expressão.

“A escória desprezível reflectida naquelas mensagens não pode ser atribuída ao Presidente Trump nem aos seus advogados”, lê-se no documas mento, entregue ao tribunal da relação de Manhattan na segunda-feira. “E nem o Presidente Trump nem os seus advogados alguma vez fizeram comentários sobre a religião, a aparência ou as actividades privadas da assistente.”

Duas multas

Segundo o relatório sobre as ameaças a Engoron e a Greenfield, conhecido na semana passada, os dois responsáveis foram sujeitos a ofensas e a ameaças de morte através de email e telefone que, quando transcritas para papel, preenchem 275 páginas.

A assistente do juiz passou a receber, por dia, entre 20 e 30 telefonee entre 30 e 50 mensagens com ameaças de morte e ofensas várias — incluindo anti-semitas — a partir do momento em que a proibição foi suspensa, a 16 de Novembro.

Outras ameaças

As ofensas e ameaças de morte a juízes e procuradores envolvidos nos vários casos em que Trump é réu ou arguido — com destaque para dois processos-crime sobre a tentativa de reversão do resultado da eleição presidencial de 2020 — não são um exclusivo do processo civil que está a decorrer em Nova Iorque.

Em Agosto, uma mulher de 43 anos residente no estado do Texas foi acusada em tribunal de ameaçar de morte a juíza Tanya Chutkan, de Washington D.C., responsável pelo julgamento no processo-crime federal em que o ex-Presidente dos EUA é acusado de tentar subverter os resultados da eleição presidencial de 2020.

Em Junho, a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, revelou que tem recebido ameaças de morte e disse que teme ser atacada por um apoiante de Trump radicalizado.

E, em finais de Outubro, um homem do Alabama, Arthur Ray Hanson, foi acusado em tribunal de ameaçar de morte Fani Willis, a procuradora da Georgia que acusou Trump e outras 18 pessoas de tentativa de subversão do resultado da eleição presidencial de 2020.

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2023-11-29T08:00:00.0000000Z

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