Público Edição Digital

Stop em clima de divisão interna testa força em manifestação

Daniela Carmo

André Pestana não avança dados da greve

Docentes e não docentes terminam hoje uma semana de greve nas escolas com uma manifestação em Lisboa. Ao PÚBLICO, o líder do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop), André Pestana, não avançou um número previsível de pessoas que farão o percurso entre a Presidência do Conselho de Ministros e a Assembleia da República, nem qual a adesão à paralisação desta semana. E lembra: “O aumento do custo de vida e da habitação não ajuda à participação nestes protestos, quando se faz greve perde-se o salário.”

A greve do Stop iniciou-se na segunda-feira e, conforme o PÚBLICO noticiou, quase sem impacto nas escolas. Foi disso que deram conta as associações que representam os directores, que falaram mesmo em “impacto zero”.

O protesto do Stop, que se inicia às 14h e pretende “assinalar a degradação das condições na escola pública” e reafirmar a luta dos docentes e não docentes, decorre num momento de turbulência interna. Tanto André Pestana como Carla Piedade, também dirigente do sindicato, se intitulam coordenadores; a maioria da direcção aprovou um pedido de auditoria às contas do sindicato e pediu a Pestana a entrega da documentação bancária; e foi requerida uma assembleia geral extraordinária para destituir a actual direcção, num documento assinado por 200 sócios.

O líder do Stop é um dos requerentes, “não o primeiro”, desse documento e explica que foi convidado pelos colegas que tomaram a iniciativa a assiná-lo. “Desde Agosto que ando a pedir uma assembleia geral. Quem quer uma assembleia não tem nada a esconder. Espero que a presidente da assembleia geral a convoque, é essa a obrigação depois de receber esse pedido de mais de 200 sócios”, reitera André Pestana.

Sobre o tema, Carla Piedade — que assumiu funções de coordenação temporariamente em Julho, quando Pestana iniciou férias, e que sublinha continuar a desempenhá-las até que tenha lugar uma reunião presencial (algo que Pestana contesta e diz não ser necessária, uma vez que a passagem de testemunho também não sucedeu nesse formato, mas sim online) — recorda que “há um conjunto de procedimentos que tem de ser cumprido”. “Uma assembleia geral como essa é extraordinária e é uma decisão que passa pela presidente da mesa da assembleia geral. O que vai acontecer é seguir os estatutos na convocação de assembleias.”

Carla Piedade integra o grupo de dirigentes que pediu uma auditoria às contas bancárias. Para já, não houve avanços desde que o tema foi discutido com a direcção e aprovado por maioria, assegura. “Foram pedidos os documentos ao André Pestana e estamos a aguardar a entrega desses documentos para se proceder à auditoria”, desenvolve.

Já Pestana recusa essa responsabilidade. “Nunca fui contra uma auditoria. Estranho que os dirigentes que aprovaram os relatórios de contas sejam os mesmos que agora querem fazer uma auditoria. Não me opus, mas não sou o tesoureiro. Sou o coordenador e os dados das contas têm de ser pedidos à tesoureira. É de senso comum. Os documentos que foram pedidos demoram algum tempo. Não é de um dia para o outro e ainda por cima num contexto de mobilização”, justifica.

Outro dos temas que deram boleia à instabilidade interna é o possível envolvimento político-partidário do líder do sindicato, algo que Pestana nega. “Não estou em nenhum partido já formado, não estou em nenhum partido em formação. Por isso, mais claro é difícil”, diz.

“O Stop tem nos seus estatutos que é apartidário, não sectário e democrático. Qualquer pessoa, seja da direcção ou seja sócio, tem direito às suas filiações políticas. A única coisa que nos preocupa é se essa filiação acaba por ter uma influência de uma determinada orientação ou de determinado partido na vida de um sindicato”, diz Carla Piedade. Questionados sobre se o sindicato está em implosão, ambos negam tal hipótese.

Sociedade Educação

pt-pt

2023-09-22T07:00:00.0000000Z

2023-09-22T07:00:00.0000000Z

https://ereader.publico.pt/article/281728389132009

Publico