A amostra vista à lupa

Uma análise do universo de inquiridos na sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP) da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1 revela que quase um terço dos jovens (30%) está indeciso sobre em que partido votar e que mais de um terço (35%) das pessoas com mais de 65 anos vota no PS.

O estudo analisa a estimativa de voto nas legislativas por idade, sexo e escolaridade. Além disso, demonstra que há mais indecisos (22%) do que pessoas com intenção de votar nos maiores partidos, PS ou PSD, ambos com 20% da intenção directa de voto.

Enquanto 35% dos idosos inquiridos votam no PS, no PSD são apenas 19%, o que ajuda a explicar que os sociais-democratas procurem aumentar a sua base eleitoral junto dos reformados e pensionistas — que penalizaram o partido após os cortes do Governo de Passos Coelho —, anunciando a intenção de aumentar para 820 euros o tecto dos beneficiários do Complemento Solidário para Idosos.

Mais velhos com PS e CDU

Ainda no plano da idade, conclui-se que 30% dos jovens — entre os 18 e os 34 anos — não sabem em quem votar no próximo dia 10 de Março. Aliás, os números demonstram que quanto mais jovem o eleitor, mais indeciso é: entre os 35 e 64 anos, 22% das pessoas estão indecisas e naqueles com 65 ou mais anos o valor é de 17%. O estudo revela também que a maioria dos jovens inquiridos vota no PSD (19%), seguindo-se o Chega, com 14%, e a IL, com 13%. O PS apenas convence 6% dos jovens, apenas dois pontos mais do que o Bloco, que tem um eleitorado mais novo. Ao contrário, a CDU tem, nas pessoas com mais de 65 anos, a maior fatia das preferências .

Relativamente ao sexo dos inquiridos, os homens (49% deles) votam mais à direita — PSD, Chega, IL ou CDS — do que as mulheres (31%). Em contrapartida, mas com um valor inferior, votam à esquerda — PS, BE, CDU, Livre ou PAN — mais mulheres (29% delas) do que homens (26%). Realça-se ainda que 28% das mulheres disseram-se indecisas sobre em quem votar, ao passo que essa indecisão acontece apenas em 16% dos homens. A maior discrepância de votos por sexo acontece no Chega: 18% dos homens inquiridos votam neste partido, um número distante dos 7% de mulheres que disseram fazer o mesmo.

Quanto à escolaridade, destaca-se que as pessoas com o menor nível de instrução são as mais decididas. A IL é o partido com maior discrepância a nível de escolaridade: conquista 13% dos inquiridos com ensino superior, mas apenas 3% dos com ensino secundário e 1% com o 3.º ciclo ou menos. Em ciclo inverso está o Chega, que, apesar de ter mais intenções de voto do que a IL, foi escolhido apenas por 8% dos inquiridos com ensino superior — metade dos que votam no PS. No entanto, os socialistas são também o partido mais escolhido pelos eleitores com o nível mais baixo de escolaridade (28%).