A questão do IUC levantou uma onda de protestos em todo o país, que fez todo o sentido, na medida em que havia de facto um agravamento do imposto que, em muitos casos, incidia em pessoas de poucos recursos e que por vezes usam o veículo para trabalhar ou em períodos de serviços diversificados. Por isso e muito mais, a alteração em sede de Orçamento de Estado que consiste na sua retirada é uma boa notícia para milhares de portugueses.

A direita apressou-se de imediato a apelidar de eleitoralismo a posição da bancada socialista. Assim, este assunto serviu desde logo como ponto de partida para uma pré-campanha eleitoral que vai ser dura do ponto de vista do populismo e oportunismo desta gente que chora lágrimas de crocodilo, em períodos eleitorais e na época natalícia.

As pessoas que lançaram a iniciativa e as manifestações fizeram muito bem. É de louvar a sua intervenção e participação na vida social e cívica do país.

Mas daí, ouvir dizer que se trata de eleitoralismo é uma falsa questão. Porque na realidade todos os partidos eram contra a medida.

[...] Já agora fica um desafio, porque é que os senhores da minoria parlamentar de direita não lançam uma petição em defesa dos arrendatários, que denuncie a especulação imobiliária e os constantes despejos a que assistimos há imensos meses? Vamos lá, façam uma petição e incitem as pessoas a vir para a rua protestar contra o aumento do custo de vida e a especulação na habitação que acontece todos os dias. [...] Se o fizeram e conseguirem a referida generosidade, não direi que se trata de eleitoralismo. Direi antes que é reconhecimento e sensibilidade social.

Adérito Machado, Rio Tinto