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Provedora já acabou com 40 cargos de chefias na Santa Casa

Redução de chefias vai permitir poupança de um milhão de euros anuais. Nova administração está a levar a cabo várias medidas para endireitar as contas da instituição

Sónia Trigueirão

Ana Jorge, que tomou posse em Maio como provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), decidiu acabar com 40 cargos de chefias, o que lhe permitirá poupar um milhão de euros por ano. E, ao que o PÚBLICO apurou, este número pode aumentar. Os cargos agora extintos eram sobretudo comissões de serviço, pessoas que pertenciam a outras instituições, para onde voltaram, e que estavam na Santa Casa, que conta com cerca de 6500 funcionários a exercer cargos de direcção que foram extintos.

Esta é apenas uma das várias medidas que a direcção está a levar a cabo, no âmbito de um novo modelo de sustentabilidade e com vista à optimização dos seus recursos. Ana Jorge já tinha dito que era preciso reduzir despesas e aumentar as receitas como forma de tentar reverter a actual situação financeira da instituição.

Outra medida que já está a ser preparada é a criação de um novo centro logístico, que deverá entrar em funcionamento em 2024 e que permitirá também mais uma poupança de um milhão de euros por ano ao assegurar a centralização no armazenamento dos bens da instituição e respectiva distribuição, melhores condições de salubridade e controlo de stocks.

Segundo fonte da Santa Casa, a criação de um Centro Logístico na SCML tem “como objectivo centralizar todos os bens de armazenamento necessários ao funcionamento dos diversos equipamentos, departamentos e serviços da instituição, onde se incluem, designadamente, produtos de apoio (cadeiras de rodas, camas articuladas, etc.), material diverso de consumo clínico, materiais de comunicação e marketing, produtos e mobiliário, materiais de construção, equipamentos diversos”.

Refere a mesma fonte que estes bens e materiais se encontravam dispersos por armazéns e garagens. “Com esta centralização, pretende-se obter ganhos de sinergia ao nível dos recursos humanos e técnicos e ao nível da logística de armazenagem e distribuição, porque passa tudo a ser efectuado e gerido por recursos da SCML, ou seja, insourcing”, sustenta, acrescentando que o novo Centro Logístico será localizado em Cabra Figa, Sintra.

Valorizar o património

Já no que diz respeito à necessidade de diversificar receitas, a SCML vai apostar na valorização e reabilitação do seu património. A estimativa para 2024 das receitas relativas ao arrendamento de imóveis é de 10 milhões de euros, um aumento de cerca de 10% face a 2023. Esta estratégia permite que a Santa Casa invista na reabilitação do seu património e disponibilize casas no mercado de arrendamento e, por outro, obtenha receitas para aplicação nas causas sociais.

Para alcançar este objectivo, a SCML está a aproveitar as potencialidades do PRR para benefício de projectos sociais, tendo conseguido a aprovação de financiamento externo para reabilitação de 11 imóveis ao abrigo do PRR e IFRRU (instrumento financeiro que reúne diversas fontes de financiamento), no valor total agregado de 15,3 milhões de euros.

Fonte da SCML sublinha que “as medidas tomadas até ao momento permitiram a elaboração de um orçamento equilibrado para 2024 e o reforço de áreas de intervenção social vitais, tais como, por exemplo, os apoios a famílias vulneráveis nos seus compromissos com a habitação (quartos/pensões, rendas)”.

Segundo a mesma fonte, nesta rubrica, para o próximo ano, “a SCML tem orçamentada uma verba de cerca de 5,6 milhões euros, o que representa um acréscimo de 500 mil euros em relação a 2023, numa demonstração de empenho e vitalidade da missão da Misericórdia de Lisboa com aqueles que mais precisam, numa altura difícil em matéria de habitação”.

Dando um outro exemplo, a fonte da SCML sublinha que, “perante as solicitações crescentes em matéria de Requerentes de Protecção Internacional, a Santa Casa, em relação a 2023, reforçou substancialmente o investimento previsto para 2024 no apoio ao alojamento, alimentação, vestuário, higiene, transportes e despesas pessoais para requerentes de asilo”.

“São cerca de 660 mil euros (em 2023, foram 445 mil euros) destinados a atenuar as dificuldades que muitos requerentes de asilo enfrentam em Lisboa quando estão a aguardar pela tramitação dos processos de recurso que interpõem junto das autoridades judiciais”, explicou.

De recordar que ainda estão em curso a reavaliação dos Relatórios de Gestão e Contas da SCML, relativos aos anos de 2021 e 2022, e uma auditoria externa e independente à Santa Casa Global, no âmbito do processo de internacionalização de jogos.

Em Abril, a ministra do Trabalho,

ram 52 milhões de euros e 20,1 milhões de euros, respectivamente.

Já em Setembro, a provedora foi também ouvida no Parlamento e confirmou que, de facto, a SCML teve uma redução das receitas. Porém, Ana Jorge explicou que essa redução não só se deveu à pandemia, que provocou uma quebra das receitas provenientes dos jogos sociais, mas também aos investimentos realizados no projecto da internacionalização. A provedora da Santa Casa revelou que a autorização inicial para o investimento no projecto da internacionalização era de apenas cinco milhões de euros e foram gastos 27 milhões.

Destaque Plano De Reestruturação

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2023-11-20T08:00:00.0000000Z

2023-11-20T08:00:00.0000000Z

https://ereader.publico.pt/article/281522230824770

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