Provedora já acabou com 40 cargos de chefias na Santa Casa

Redução de chefias vai permitir poupança de um milhão de euros anuais. Nova administração está a levar a cabo várias medidas para endireitar as contas da instituição

Sónia Trigueirão

2023-11-20T08:00:00.0000000Z

2023-11-20T08:00:00.0000000Z

Publico

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Destaque Plano De Reestruturação

Ana Jorge, que tomou posse em Maio como provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), decidiu acabar com 40 cargos de chefias, o que lhe permitirá poupar um milhão de euros por ano. E, ao que o PÚBLICO apurou, este número pode aumentar. Os cargos agora extintos eram sobretudo comissões de serviço, pessoas que pertenciam a outras instituições, para onde voltaram, e que estavam na Santa Casa, que conta com cerca de 6500 funcionários a exercer cargos de direcção que foram extintos. Esta é apenas uma das várias medidas que a direcção está a levar a cabo, no âmbito de um novo modelo de sustentabilidade e com vista à optimização dos seus recursos. Ana Jorge já tinha dito que era preciso reduzir despesas e aumentar as receitas como forma de tentar reverter a actual situação financeira da instituição. Outra medida que já está a ser preparada é a criação de um novo centro logístico, que deverá entrar em funcionamento em 2024 e que permitirá também mais uma poupança de um milhão de euros por ano ao assegurar a centralização no armazenamento dos bens da instituição e respectiva distribuição, melhores condições de salubridade e controlo de stocks. Segundo fonte da Santa Casa, a criação de um Centro Logístico na SCML tem “como objectivo centralizar todos os bens de armazenamento necessários ao funcionamento dos diversos equipamentos, departamentos e serviços da instituição, onde se incluem, designadamente, produtos de apoio (cadeiras de rodas, camas articuladas, etc.), material diverso de consumo clínico, materiais de comunicação e marketing, produtos e mobiliário, materiais de construção, equipamentos diversos”. Refere a mesma fonte que estes bens e materiais se encontravam dispersos por armazéns e garagens. “Com esta centralização, pretende-se obter ganhos de sinergia ao nível dos recursos humanos e técnicos e ao nível da logística de armazenagem e distribuição, porque passa tudo a ser efectuado e gerido por recursos da SCML, ou seja, insourcing”, sustenta, acrescentando que o novo Centro Logístico será localizado em Cabra Figa, Sintra. Valorizar o património Já no que diz respeito à necessidade de diversificar receitas, a SCML vai apostar na valorização e reabilitação do seu património. A estimativa para 2024 das receitas relativas ao arrendamento de imóveis é de 10 milhões de euros, um aumento de cerca de 10% face a 2023. Esta estratégia permite que a Santa Casa invista na reabilitação do seu património e disponibilize casas no mercado de arrendamento e, por outro, obtenha receitas para aplicação nas causas sociais. Para alcançar este objectivo, a SCML está a aproveitar as potencialidades do PRR para benefício de projectos sociais, tendo conseguido a aprovação de financiamento externo para reabilitação de 11 imóveis ao abrigo do PRR e IFRRU (instrumento financeiro que reúne diversas fontes de financiamento), no valor total agregado de 15,3 milhões de euros. Fonte da SCML sublinha que “as medidas tomadas até ao momento permitiram a elaboração de um orçamento equilibrado para 2024 e o reforço de áreas de intervenção social vitais, tais como, por exemplo, os apoios a famílias vulneráveis nos seus compromissos com a habitação (quartos/pensões, rendas)”. Segundo a mesma fonte, nesta rubrica, para o próximo ano, “a SCML tem orçamentada uma verba de cerca de 5,6 milhões euros, o que representa um acréscimo de 500 mil euros em relação a 2023, numa demonstração de empenho e vitalidade da missão da Misericórdia de Lisboa com aqueles que mais precisam, numa altura difícil em matéria de habitação”. Dando um outro exemplo, a fonte da SCML sublinha que, “perante as solicitações crescentes em matéria de Requerentes de Protecção Internacional, a Santa Casa, em relação a 2023, reforçou substancialmente o investimento previsto para 2024 no apoio ao alojamento, alimentação, vestuário, higiene, transportes e despesas pessoais para requerentes de asilo”. “São cerca de 660 mil euros (em 2023, foram 445 mil euros) destinados a atenuar as dificuldades que muitos requerentes de asilo enfrentam em Lisboa quando estão a aguardar pela tramitação dos processos de recurso que interpõem junto das autoridades judiciais”, explicou. De recordar que ainda estão em curso a reavaliação dos Relatórios de Gestão e Contas da SCML, relativos aos anos de 2021 e 2022, e uma auditoria externa e independente à Santa Casa Global, no âmbito do processo de internacionalização de jogos. Em Abril, a ministra do Trabalho, ram 52 milhões de euros e 20,1 milhões de euros, respectivamente. Já em Setembro, a provedora foi também ouvida no Parlamento e confirmou que, de facto, a SCML teve uma redução das receitas. Porém, Ana Jorge explicou que essa redução não só se deveu à pandemia, que provocou uma quebra das receitas provenientes dos jogos sociais, mas também aos investimentos realizados no projecto da internacionalização. A provedora da Santa Casa revelou que a autorização inicial para o investimento no projecto da internacionalização era de apenas cinco milhões de euros e foram gastos 27 milhões.

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