A cinco minutos de carro do centro de Valpaços, o Olive Nature Hotel & Spa é uma proposta ancorada numa envolvente tranquila e na valorização do azeite – há oliveiras milenares na quinta – e de outros produtos endógenos, de produção própria. Do spa ao restaurante, a palavra de ordem neste hotel é relaxar.

Com 29 quartos e dois apartamentos – um T2 e um T3, no último piso – no edifício mais recente, inaugurado no Verão de 2020, e nove suítes num alojamento local que já existia antes, o Olive Nature propõe um mergulho no melhor que a região de Trás-os-Montes tem para oferecer: natureza, gastronomia, vinhos e hospitalidade franca. O tema são as oliveiras e o azeite.

Na Quinta Dona Adelaide, adquirida em 2015 pelos proprietários da Quinta da Pacheca (Douro), há seis hectares de olival (num total de 12 hectares de propriedade), com oliveiras das variedades Cobrançosa, Madural e Verdeal, e produção própria de azeite, fumeiro e compotas várias.

O sol nasce para lá das oliveiras milenares e é agradável dar ali um passeio matutino, a pé ou pegando numa das bicicletas que o hotel disponibiliza aos hóspedes. Os quartos, de decoração sóbria, privilegiando o conforto, têm varandas voltadas a sul, de onde se avistam Valpaços, de um lado, e a serra da Nogueira, lá mais ao longe, do outro.

Nesta altura do ano, em alternativa à piscina exterior, há sempre o Olive Spa by Dona Adelaide onde há tratamentos exclusivos com azeite que espevitam e serenam – tudo ao mesmo tempo – os sentidos. A massagem Aromas Campestres (75 minutos; 110 euros) é uma proposta de relaxamento de todo o corpo, que termina com cuidados de rosto. Já a Sensações do Campo (90 minutos; 240 euros), para dois, promete libertar qualquer

um da rotina e do stress do dia-a-dia. Envolve uma massagem com cabaças típicas da região e exfoliação com azeite.

No restaurante Quinta Dona Adelaide, a carta muda duas vezes por ano – mudará agora em meados de Novembro – e corre atrás da sazonalidade, como deve ser. Mas o azeite e a azeitona estão presentes o ano inteiro nas várias propostas do chef residente, Luís Guedes. De entrada, experimentámos os AEgos das AEgueiras da quinta a acompanhar o fumeiro regional. Estavam fantásticos, a rivalizar com a alheira, o salpicão do lombo e a linguiça. Depois chegou à mesa um creme de abóbora com amêndoas e castanhas laminadas, que preparou o nosso estômago para os milhos à transmontana, um dos cartões-de-visita do restaurante. O caldo de castanha, com funcho e toucinho fumado, o cherne conAEtado com milhos, o polvo com cremoso de batata-doce e couve-coração grelhada, os rojões com castanhas e o javali em vinho tinto com cuscos transmontanos e cogumelos são outras sugestões em destaque.

O azeite está sempre na mesa, do couvert às sobremesas, com destaque, neste particular, para a afamada mousse de chocolate com azeite em pó e para o bolo de azeite com aguardente de Valpaços, servido com gelado de tangerina. E várias das hortícolas e aromáticas utilizadas na cozinha do Dona Adelaide (que está aberto a não-hóspedes, todos os dias) vêm da estufa que AEca junto ao olival mais recente – oliveiras centenárias, transplantadas para ali em 2020.

Ao pequeno-almoço, os rijos devem provar o folar de Valpaços – com azeite e enchidos –; aqueles que são mais de café com leite e doces vão gostar de saber que este Outono há bolos do dia feitos com fruta das árvores da quinta e compotas de maçã, pêra e abóbora, que os hóspedes podem comprar na loja do hotel – e só ali; ao invés dos enchidos da quinta, que já estão em alguns dos minimercados de Valpaços.

Há ainda uma cozinha regional com ateliê de fumeiro, onde é possível participar na produção, secagem e embalamento dos enchidos feitos na quinta. “Está apenas disponível para visitas, com marcação prévia, sem número mínimo de pessoas e sem custos adicionais”, explica a directora comercial Susana Azevedo, que acumula o hotel com a área de eventos. Estes são uma componente importante da actividade na quinta – entre Maio a Setembro – mas acontecem a uma distância de segurança que permite preservar a tranquilidade de quem ali pernoita. E que tem no Olive Nature um sítio agradável para descansar corpo e mente, seja entre as oliveiras, no spa ou a ler um livro sentado no balouço pendurado no imponente pinheiro-bravo junto ao restaurante.

Em Valpaços, vale a pena visitar a Casa do Vinho e Loja Interactiva de Turismo, onde AEcamos a saber mais sobre os lagares rupestres – escavados na rocha – de Trás-os-Montes e podemos comprar produtos regionais. Estão ali à venda quase 300 produtos de uma trintena de agentes económicos do concelho, o sexto maior entre os 12 municípios que compõem a área de produção do Azeite de Trás-os-Montes DOP.

Sem sair do hotel, os mais novos vão gostar de ver os pavões, os papagaios e outras aves exóticas que existem na quinta. E de cumprimentar o Terra, um cão aí com uns nove meses que nos dá pela cintura sem tirar as patas dianteiras do chão. Simpático, como este poiso no coração de Trásos-Montes.