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BMW i4 eDrive40 Eléctrico sem ansiedades

Confortável, rápido, silencioso (claro!) e com consumos tão frugais que a autonomia anunciada, de quase 600 quilómetros, poderá revelar-se real. Carla B. Ribeiro

A BMW iniciou o seu caminho 100% eléctrico há algum tempo, tendo começado por levantar o véu com a exibição do protótipo do i3 há uma década, ao mesmo tempo que também mostrava uma antecipação do i8, um desportivo híbrido plug-in. Um era um citadino puro, que inovava pelo facto de trazer a possibilidade de ser equipado com um extensor de autonomia, alimentado a gasolina, mas também por usar na sua composição uma série de elementos recicláveis. Já o outro apontava mira ao desempenho.

Mais de dez anos depois, e com uma gama recheada de opções eléctricas e electriAEcadas, o i4 parece juntar o melhor dos dois mundos apresentados em 2011: chega tão poupado quanto um citadino e exibe credenciais para uma performance de elevado desempenho. Mais ainda na variante M50, cuja autonomia sai sacriAEcada, mas os 5,7 segundos que o eDrive40 demora a ir dos 0 aos 100 km/h são mais do que suAEcientes para sentir um friozinho na barriga — e, provavelmente, mais do que o suAE# ciente para transformar a condução numa experiência muito emocional.

No entanto, não foi isso que mais nos impressionou. O mais espantoso foi mesmo o consumo médio obtido em cidade que nos deixou com a certeza de que ansiedade não será uma das emoções de quem se sentar ao seu volante. A eAEciência, reAEra-se, é ainda mais notória quando se opta por usar o cruise control com função de travagem, de série, que gere esta de forma a proporcionar uma maior regeneração.

Com tracção traseira e um só motor, o eDrive40 reclama uma potência de 250 kW (340cv), apoiado por um binário máximo de 430 Nm. Já a bateria de iões de lítio é a mesma que equipa o mais potente M50 (544cv), com 80,7 kWh de capacidade útil, recarregável a uma potência de até 200kW, o que na prática signiAEca que se recupera energia de 10 a 80% em pouco mais de 30 minutos.

A bateria está montada sob o piso do automóvel, o que, por um lado, não rouba espaço nem a passageiros nem a bagagem, e, por outro, ajuda a sentir o carro colado ao asfalto. Isso torna mais fácil enfrentar estradas cheias de curvas, em que o i4 eDrive40 se mostra apto e ágil.

Mas é o seu conforto, em estrada aberta, que mais dá cartas, a começar por um impressionante silêncio, mesmo tendo em conta estarmos num eléctrico, graças ao bom trabalho de insonorização do habitáculo e à minimização de ruídos intrusivos, seja do vento ou do rolamento no alcatrão. A não ser que se opte pelo modo Sport, em que o ambiente é ocupado por uma banda sonora feita à medida pelo compositor alemão Hans Zimmer.

Misturar-se na multidão

Pouco no i4 o distingue de um Série 4 Gran Coupé, para além de uma grelha fechada, jantes de liga leve aerodinâmicas e uma aura azul. E o mesmo acontece no seu interior, em que se destaca logo a qualidade de construção, assim como o recurso a materiais nobres.

Para quem segue ao volante, a posição é confortável e possível de ajustar a várias estaturas, com destaque para o apoio lateral dos bancos que nos parece abraçar.

O infoentretenimento assenta no sistema iDrive, que se desenrola num

painel curvo que une um ecrã central de 14,9 polegadas e a instrumentação digital de 12,3 polegadas. De resposta rápida, o sistema podia ser mais fácil de usar, mas é relevante sublinhar a nitidez dos gráAEcos, uma enorme mais-valia quando se está a utilizar a câmara para estacionar, e também a possibilidade de recorrer aos comandos por voz, que, a maioria das vezes, funciona bem e com a vantagem de não termos de desviar o olhar da estrada.

Assim como o condutor, outros três ocupantes sentir-se-ão confortáveis dentro do i4, excepção feita para o quinto que tenha de se sentar no meio do banco traseiro, tendo de lidar com o ressalto no piso e ainda com um assento desconfortável, já que a segunda AEla foi desenhada para acomodar duas pessoas com toda a comodidade.

Já os espaços para arrumar pequenos objectos são vários (e o portaluvas bastante amplo), enquanto a mala arruma generosos 470 litros (apenas menos 30 que o enorme iX). Em termos de funcionalidade, os bancos rebatem na proporção de 40/20/40, para uma volumetria útil de quase 1300 litros e admitindo a possibilidade de carregar objectos grandes em comprimento, mas estreitos, sem comprometer dois lugares traseiros.

Em termos de segurança, o Euro NCAP não lhe atribuiu mais do que quatro estrelas, penalizando a política da marca bávara de deixar ao cliente a decisão de incluir ou não determinados equipamentos. Assim, nos auxiliares à segurança, o automóvel somou apenas 64 pontos em 100.

Além de pequenos defeitos ou pontos a melhorar, o i4 eDrive40 tem, claro, o problema do preço: 62.000€. Um valor que o torna sobretudo apetecível para empresas, que têm a possibilidade de abater o IVA, colocando o carro por um valor pouco acima dos 50 mil euros, e ainda beneAEciar de isenção de tributação autónoma. No entanto, não será um disparate imaginar que um particular que esteja de olho num Série 4 Gran Coupé com motor térmico equacione a aquisição da variante eléctrica dez mil euros mais cara, mas com exigências de manutenção menores e consumos menos dispendiosos.

Motores

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2022-08-06T07:00:00.0000000Z

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