Sou da opinião que a qualidade de vida não está nas grandes cidades, que tudo nos oferecem é certo, mas onde faltam tantas coisas essenciais à boa vivência e a um maior, mais próximo e mais autêntico contacto com as nossas gentes, com mãe natureza e o nosso planeta.

Nascido e criado em Lisboa, onde vivo e trabalho, procuro sempre que posso escapar-me para esta parte do País, que tão bem me recebeu e que hoje chamo de meu Alentejo. Para mim, é a paisagem mais bonita do nosso território, onde podemos respirar fundo e longo, ao deleitarmo-nos com as extensas planícies, a perder de vista. Que bom é acordar ao cantar de um casal de rolas. Que bom é privar com as suas gentes, tão genuínas, sinceras, simples e profundas. Que bom é poder passear, a pé, de burro ou a cavalo, pelos cenários idílicos do nosso montado, único no mundo. Que bom é experienciar das nossas verdadeiras tradições, da nossa ruralidade, da nossa cultura, que infelizmente um Estado cada vez mais central e centralizado, desconhecedor do nosso interior, teima em fazer desaparecer.

É este interior, que pese embora esteja infelizmente em crescente abandono e seja cada vez mais esquecido, me faz sonhar, ser feliz e acreditar que existe o paraíso na terra. Assim não o destruam ou deixem morrer.