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O Marquês

Durante muitos anos, quis morar no centro do Porto e tive a sorte, antes dos preços tornarem os sonhos grandes difíceis de realizar, de conseguir a casa ideal na freguesia de Paranhos. O meu “bairro” é o Marquês, que se mantém ainda razoavelmente interclassista, com tascos e confeitarias, comércio tradicional e supermercados, barbeiros de bairro e cabeleireiros de barba.

No meu bairro consigo, em parte, praticar a “cidade dos 15 minutos”, posso vir a escala humana de uma cidade acessível. Nesse tempo consigo chegar a pé ao metro, a mais do que um espaço verde, à escola, ao centro de saúde, a equipamentos desportivos... só não consigo chegar a um mercado de frescos, nem que fosse semanal, a uma biblioteca, ou a um centro cultural, porque não existem.

No meu bairro do Marquês, há duas salas de espetáculos fechadas, o Júlio Deniz e o Cineteatro Vale Formoso, que falam de um passado com uma vida em comunidade mais completa, possível de viver à porta de casa, dentro do bairro de cada um.

Gosto de pensar que já estivemos mais longe de recuperar esse património, capaz de me fazer gostar ainda mais do meu bairro.

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2021-10-09T07:00:00.0000000Z

2021-10-09T07:00:00.0000000Z

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