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Peter Stein, Declan Donnellan e Batsheva serão presenças no 40.º Festival de Almada

Num ano dedicado ao “teatro da palavra”, a companhia israelita estará em Portugal para dançar Laurie Anderson

Gonçalo Frota

Em ano de 40.ª edição, o Festival de Almada apresentará, de 4 a 18 de Julho, 20 espectáculos de teatro, dança e novo circo entre a cidade que lhe dá nome (Teatro Municipal Joaquim Benite, Escola D. António da Costa, Fórum Romeu Correia, Incrível Almadense e Academia Almadense) e Lisboa (Centro Cultural de Belém). Os primeiros nomes do cartaz serão revelados neste Dia Mundial do Teatro, coincidindo com o arranque da venda de assinaturas. E a grande novidade deste vislumbre inicial é para já o regresso de um dos grandes mestres do teatro europeu, o alemão Peter Stein, com um dos textos iniciais de Harold Pinter:

O Aniversário.

Peter Stein está de volta a Almada depois de em edições anteriores ter apresentado no festival A Última Gravação de Krapp (Samuel Beckett),

O Prémio Martin (Eugffne Labiche),

O Regresso a Casa (Pinter) e o recital

Faust Fantasia (a partir de Goethe), e de ali ter assinado em 2015 um memorável curso no âmbito do ciclo

O Sentido dos Mestres.

O ex-director da Schaubühne de Berlim, onde permaneceu de 1970 a 1985, traz este ano O Aniversário,

numa nova investida em Pinter, tendo escolhido trabalhar sobre a primeira peça de fôlego escrita pelo Nobel da Literatura britânico, aos 27 anos, que concentrava já muita da sua matriz dramatúrgica.

O espectáculo terá uma apresentação única a 12 de Julho, no Palco Grande da Escola D. António da Costa. Sobre este texto, escreve o encenador alemão que “nunca estamos seguros de as personagens nos dizerem a verdade, ou estarem pura e simplesmente a mentir: os espectadores são mantidos num estado de incerteza contínua”. A produção italiana, para o Tieffe Teatro Milano, conta com a actriz Maddalena Crippa, cara-metade de Stein, que foi dirigida no teatro por encenadores com Giorgio Strehler e Luca Ronconi, e no cinema por Francesco Rosi.

A 13 e 14 de Julho, no CCB, a israelita Batsheva Dance Company, uma das mais conceituadas companhias de dança mundiais, apresenta MOMO, coreografia de Ohad Naharin que tem por banda sonora o álbum Landfall, colaboração discográfica de Laurie Anderson com o Kronos Quartet. O espectáculo chega como um alerta para a ascensão da extrema-direita.

Também o encenador Declan Donnellan e o cenógrafo Nick Ormeespectáculo: rod (fundadores da companhia Cheek by Jowl) têm de novo viagem marcada para Almada, depois da anterior visita com Rei Ubu, em 2014. Desta feita, apresentarão a sua visão de A Vida É Sonho, de Pedro Calderón de la Barca, verdadeiro clássico da dramaturgia espanhola, que montaram para a Compañia Nacional de Teatro Clásico. Escreve o encenador inglês no programa do

“Calderón sugere que o nosso maior medo não é o da morte, mas antes o da não-existência, o que é algo completamente diferente.” Sessões a 17 e 18 de Julho, no Teatro Joaquim Benite.

De regresso estará também a encenação de Carlos Avilez para o texto de Doug Wright Eu Sou a minha Própria Mulher (7, 9 e 11 de Julho no Fórum Romeu Correia), que o público da última edição escolheu como Espectáculo de Honra do festival. Escrita a partir do relato biográfico de Charlotte von Mahlsdorf, a peça documenta o período vivido sob o regime nazi em que apresentava espectáculos para a comunidade gay de Berlim na sua cave, sendo interpretada (num monólogo que atravessa 35 personagens) pelo actor Marco D’Almeida.

Num total de 12 espectáculos internacionais e oito nacionais, o Festival de Almada promete uma edição focada no “teatro da palavra”, “representado por um conjunto de encenadores que se tem dedicado à montagem de peças seminais da dramaturgia universal”. A restante programação só deverá ser conhecida em Junho.

Cultura

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2023-03-27T07:00:00.0000000Z

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