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Alemanha renasce com Espanha e volta a sonhar

Depois de terem estado a perder, germânicos empatam na fase final do encontro e estão nas contas do apuramento

Paulo Curado

Grupo E

Do mal o menos, terão pensado os adeptos alemães quando festejaram o golo de Fullkrug aos 83’. Estava alcançado o empate frente à Espanha numa emocionante partida. Não era o ideal, mas a ajuda da Costa Rica, ao bater o Japão horas antes, deixou a equipa europeia a ver uma luz ao fundo do túnel. Com apenas um ponto somado, precisa agora de vencer o último encontro e da ajuda dos espanhóis. Os “oitavos” voltaram a ficar ao alcance.

O primeiro grande embate do Mundial do Qatar, entre a Espanha e a Alemanha, surgiu no sorteio para esta competição como uma potencial final antecipada entre dois crónicos candidatos ao título, para definir a hierarquia do apuramento do Grupo E da fase de grupos. Mas, por culpa própria, transformou-se numa verdadeira luta pela sobrevivência para os germânicos, que comprometeram bastante as suas aspirações com a inesperada derrota frente ao Japão na ronda de estreia (1-2).

Uma derrota da Espanha deixaria todas as selecções do Grupo E empatadas pontualmente e mesmo um empate já não inviabilizaria o apuramento dos alemães, ainda que os obrigasse a vencerem a terceira partida e a dependerem de terceiros e de golos.

Para o conjunto de Luis Enrique, a contabilidade era bem mais simples. Um triunfo garantia desde já o apuramento e, eventualmente, o primeiro lugar face à enorme diferença entre golos marcados e sofridos. Perder também não seria uma tragédia, mas poderia complicar a conquista do primeiro lugar, que iria cruzar nos oitavos com o segundo classificado do Grupo F: Marrocos, Croácia ou Bélgica (o Canadá já está eliminado).

Memória remota

Contra os alemães corria ainda a estatística. A última vitória imposta à

Jogo no Estádio Al Bayt, em Doha.

Assistência 68.895 espectadores

Espanha Unai Simón; Carvajal, Rodri, Laporte, Alba (Alejandro Balde, 83’); Gavi (Nico Williams, 67’), Busquets ●44’, Pedri; Ferran Torres (Morata, 54’), Asensio (Koke, 66’), Olmo. Treinador L. Enrique.

Alemanha Neuer; Kehrer ●37’ (Klostermann, 71’), Sule, Rudiger, Raum (Schlotterbeck, 87’); Goretzka ●58’, Kimmich ●60’; Gnabry (Hofmann , 85’), Gundogan (Sané, 70’), Musiala; Muller (Fullkrug, 70’). Treinador H. Flick.

Árbitro Danny Desmond Makkelie (Países Baixos).

Golos 1-0 por Morata 62’; 1-1 por Fullkrug 84’).

Positivo/Negativo

Dani Olmo

Abriu a goleada frente à Costa Rica e esteve muito perto de o voltar a fazer com a Alemanha, valendo Neuer e os ferros. Esteve na jogada do golo de Morata e está a destacar-se numa equipa em que abunda a qualidade.

Morata

Precisou de cinco minutos para marcar, com um toque de classe e soma dois golos na competição. Igualou Ferran Torres como melhor marcador da era Luis Enrique, com 15 golos.

Espanha era uma memória remota, obrigando a recuar à fase de grupos do Euro 1988, quando venceu por 2-0. De lá para cá, as duas selecções reencontraram-se por mais cinco vezes, com dois empates e três triunfos para os espanhóis, o último, há dois anos, com uma goleada por 6-0, na Liga das Nações.

Com seis jogadores do Bayern Munique na equipa titular alemã e cinco do Barcelona entre os espanhóis, o jogo lembrou também os embates entre os dois colossos do futebol europeu de clubes.

Ao contrário do que aconteceu com a Costa Rica, a Alemanha encontrou argumentos para contrariar a circulação de bola espanhola, com uma pressão alta, procurando condicionar Sergio Busquets logo no início da construção. Nada que evitasse a primeira grande oportunidade, ainda numa fase madrugadora. Aos 7’, após quase dois minutos de posse, encontrou-se espaço para Dani Olmo remaentrara tar e proporcionar uma grande defesa a Neuer, com a bola ainda a embater na barra e no poste.

Num encontro bem disputado, intenso, os alemães responderam bem, procurando defender longe da sua baliza e “encostando” o adversário em vários momentos do jogo ou precipitando o erro: aos 25’, o guarda-redes Unai Simon colocou a bola nos pés de Gnabry na área, que a devolveu bem perto do poste. Também de bola parada, os germânicos procuraram soluções, com o central Rüdiger a marcar, aos 40’, após um livre lateral, mas ligeiramente à frente da linha de fora de jogo.

Mais consequente poderia ter sido um remate de Kimmich dentro da área aos 57’, que Unai Simon defendeu. Não marcou a Alemanha, mas a Espanha seria menos perdulária, cinco minutos depois. Após uma grande jogada, Olmo abriu para Jordi Alba cruzar da esquerda e Morata, que aos 54’, desviar para as redes com um toque de classe.

A igualdade estava desfeita e por pouco também o moral alemão. A equipa de Hansi Flick não demorou a responder e esteve perto do empate, aos 73’, mas Unai Simon voltou a ser inultrapassável, defendendo um tiro de Musiala.

O cronómetro não parava e começava a faltar discernimento aos germânicos. Mas ainda tiveram tempo de igualar, aos 83’, numa boa jogada atacante, com o incontornável Musiala a tocar na área para Fullkrug (entrado aos 70’) marcar e deixar a sua equipa ligada à corrente nesta fase de grupos.

O empate não foi quebrado e é agora fundamental vencer a Costa Rica e esperar que os espanhóis façam a sua quota parte frente ao Japão. É complicado, mas está longe de ser impossível. Já a Espanha, só uma hecatombe impedirá a sua continuidade em prova.

Campeonato Do Mundo De Futebol 2022

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2022-11-28T08:00:00.0000000Z

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