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Willow está de volta para convencer o público da sua relevância fofinha

O filme é de 1988, a série chega em 2022. Para as crianças dos anos 1980 e para os miúdos de hoje, a história do reino Andowyne está de volta na quarta-feira

Joana Amaral Cardoso

Os anos 1980 chegavam ao fim. Para trás, ficavam História Interminável e as trilogias Star Wars ou Indiana Jones. Em 1988, apareciam Beetlejuice, Big, Quem Tramou Roger Rabbit — mas também Assalto ao Arranha-Céus, Um Príncipe em Nova Iorque, Um Peixe Chamado Wanda ou um pequeno filme de fantasia intitulado Willow — Na Terra da Magia. No mundo em que (quase) nenhum título daquela era acaba quando as letras “fim” aparecem no ecrã, Willow está de volta. Como uma série em streaming, claro.

Warwick Davis regressa no papel do agricultor e aprendiz de feiticeiro tornado “herói improvável”, como diz o próprio numa conversa com os jornalistas no Zoom. Em 1988, aos 17 anos, tinha de salvar uma bebé fadada a ser imperatriz, num filme escrito por George Lucas (o das trilogias Star Wars e Indiana Jones) e realizado por Ron Howard, que já tinha feito filmes tão década de 1980 como Splash, a Sereia ou Cocoon — A Aventura dos Corais Perdidos. Agora, tem 52 anos e vê-se de novo envolvido numa conversa em que se fala de “regressar a um mundo” e em “conteúdos” e em que todos parecem demasiado cientes de que Willow não poderia voltar a ser um filme. Então, como e por que é que Willow volta? “O que mudou as coisas foi o advento da Disney+”, diz noutro quadradinho do Zoom o produtor executivo e argumentista Jonathan Kasdan, autor de Han Solo: Uma História de Star Wars, um filme que não correu muito bem à Disney e à Lucasfilm. O seu filme Star Wars estreou-se exactamente 30 anos depois de Willow, uma aventura protagonizada por Val Kilmer e Davis que Kasdan adorou enquanto espectador infantil. Agora, está na plataforma de streaming da Disney, insistindo que esta “é uma casa óptima para conteúdos que seriam mais difíceis de lançar nos cinemas” porque, “com uma série, é mais fácil criar um público”.

São seis episódios em que um dos filhos da rainha Sorsha ( Joanne Whaley) é raptado e a sua irmã (Ruby Cruz), vai salvá-la com um bando de amigos. Davis regressa ao seu papel, central na

“Os temas de Willow são universais, bem contra o mal, pessoas de todas culturas e religiões conseguem identificar-se com eles”, diz ao PÚBLICO o actor Warwick Davis

luta contra um mal que se abate sobre o reino de Andowyne. “Desde o filme, nunca houve planos de uma sequela. Só os fãs me falavam disso. Estava sempre a dizer ao George Lucas e ao Ron Howard que Willow tinha muitos fãs, mas é muito arriscado fazer um filme porque nunca se sabe se terá dividendos”, diz o actor, que entretanto entrou em vários filmes Star Wars.

Davis tinha vontade de regressar ao papel que definiu a sua carreira e quando o projecto foi apresentado à Disney+ já o incluía, explica Jonathan Kasdan ao PÚBLICO. Os quarentões e cinquentões nostálgicos poderão rever o seu herói e talvez os seus filhos queiram conhecer este reino de magia? No fundo, qual é o verdadeiro público-alvo de Willow, a série? “A resposta verdadeira é que esperamos que a série satisfaça a fome que muitos de nós, dos anos 1980, temos por mais destas histórias e por voltar a este mundo e, simultaneamente, abrir a porta para uma nova geração de fãs de fantasia”, diz ao PÚBLICO.

O grupo de jovens aventureiros é, ainda assim, o centro nevrálgico da aventura. “O Val [Kilmer, que interpretava a personagem Madmartigan] trazia uma vibração tão 1988 ao filme original que quisemos encontrar uma vibração contemporânea, e encontramo-la neste novo elenco”, diz Kasdan, falando desse núcleo.

Esta é, portanto, uma série para a família, como a Disney+ em grande parte aprecia, e que é também um negócio de família — Annabelle Davis, que já tinha entrado em Solo, é filha de Warwick e agora interpreta o papel de Mims na série.

Em plena entrada do mês das festas, Willow está aí para tentar convencer o público da sua relevância fofinha. Quando o PÚBLICO questiona Davis sobre esses fãs que o abordavam ao longo das décadas para mostrar o seu carinho por Willow, o actor deixa escapar um bocejo. Recompõe-se. “Os temas de Willow são universais, bem contra o mal, pessoas de todas culturas e religiões conseguem identificarse com eles, bem como com um herói improvável ao centro. Acho que todos gostaríamos de acreditar que há um bocadinho de magia no mundo, especialmente hoje em dia.” Fim.

Guia Ecrãs

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2022-11-28T08:00:00.0000000Z

2022-11-28T08:00:00.0000000Z

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