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EUA já enviaram 25% do seu arsenal de Stingers para a Ucrânia

O sistema de mísseis antiaéreos deixou de ser produzido nos EUA em 2008. Dos Himars, o Exército norte-americano só consegue fazer oito por mês e desde Junho já entregou 38 às forças ucranianas

António Rodrigues

Os Estados Unidos já enviaram um quarto da sua reserva de sistemas de mísseis antiaéreos Stinger para a Ucrânia desde o início do conflito e a reposição do stock, desse e de outro material militar que está a ser enviado para aquele país, como os Himars (High Mobility Artillery Rocket System), está a ser mais difícil porque Washington tinha interrompido por questões orçamentais a produção de uns e de outros há alguns anos.

De acordo com o site da Fortune, o arsenal norte-americano começa a ficar pressionado por causa da quantidade de armas, munições e equipamento militar enviado para a Ucrânia. Por exemplo, só em projécteis de 155 mm para o M114 howitzer já vai a caminho de um milhão, mas há também 8500 sistemas antitanque Javelin, 1600 sistemas terra-ar Stinger e 38 Sistemas de Foguetes de Artilharia de Grande Mobilidade (Himars).

O site cita Mark Cancian, consultor sénior do Center for Strategic and International Studies, que, numa análise com base nos orçamentos de defesa, diz que os EUA forneceram às forças ucranianas cerca de um quarto do total de Stingers que tinha armazenados. Com o senão de a linha de produção deste sistema antiaéreo ter sido encerrada em 2008, depois de o Governo norteamericano ter decidido descontinuar por questões orçamentais e políticas a sua produção.

Também a produção dos Himars foi interrompida em 2014, mas voltou a ser reactivada em 2018, disse aos jornalistas na segunda-feira Doug Bush, subsecretário do Exército para as aquisições, citado pela Associated Press. E todos os esforços estão a ser feitos para conseguir manter uma média de produção de oito sistemas por mês.

Tendo em conta os números, e sabendo que os primeiros sistemas foram enviados em Junho, podemos ver que em cinco meses Kiev recebeu praticamente o equivalente a toda a produção de Himars da indústria militar norte-americana deste período.

Daí que este mês o Pentágono tenha anunciado um contrato de 14,4 milhões de dólares (13,8 milhões de euros) para acelerar a produção des

O Stinger é um sistema portátil de defesa antiaérea que pode ser disparado por um homem só

tes sistemas para substituir no stock os que foram enviados.

São números que ajudam a fomentar a mudança política em Washington, onde o Partido Republicano, que vai assumir a liderança da Câmara dos Representantes em Janeiro, já anunciou que quer um maior controlo na ajuda a Kiev. Ou, como disse Kevin McCarthy, que deverá suceder a Nancy Pelosi como líder do Senado no início de 2023, os republicanos vão deixar de passar um “cheque em branco” sempre que a Casa Branca pedir dinheiro para a Ucrânia.

“A Ucrânia é importante, mas, ao mesmo tempo, não pode ser o único assunto na nossa agenda”, disse McCarthy, numa entrevista ao site Punchbowl News em Outubro. “As pessoas vão estar a lidar com uma recessão e não vão querer passar um cheque em branco à Ucrânia”, acrescentou. De acordo com o Washington Post, a Administração Biden já começou a antecipar essa mudança de atitude do Congresso, aumentando o escrutínio do material militar que está a enviar para a Ucrânia, numa altura em que o total do auxílio, desde que as forças russas iniciaram o conflito em Fevereiro, já se aproxima dos 20 mil milhões de dólares (19,3 mil milhões de euros).

Os departamentos de Estado e de Defesa têm agora planos que visam evitar que o arsenal enviado para os ucranianos não acabe nas mãos erradas, incluindo inspecções e formação, diz o diário norte-americano, mas os republicanos não parecem muito convencidos de que isso seja suficiente.

“Os contribuintes merecem saber que o investimento está a ir para onde tem de ir”, disse o congressista republicano Jason Crow, citado pelo Washington Post. Sendo um veterano de guerra que seguiu uma carreira política, Crow sabe, no entanto, que é praticamente impossível aos norteamericanos garantir que algum do seu armamento não chegue à mão dos russos: “Mas queremos assegurar que isso não acontece em grande escala.”

Uma opinião prudente que reflecte o facto de as sondagens mais recentes nos EUA mostrarem que o nível de apoio à política dos Estados Unidos em relação à Ucrânia se mantém muito alto.

Um dos últimos estudos, publicados pelo Chicago Council of Foreign Affairs em meados de Outubro, estava de acordo que 72% dos entrevistados defendem que o auxílio militar norte-americano deve continuar, enquanto 58% são da opinião de que o país deve estar disposto a prolongar esse apoio o tempo que for necessário, mesmo que com isso as famílias nos Estados Unidos tenham de vir a pagar mais pela comida e pelos combustíveis.

Numa sondagem de Outubro, 58% dos entrevistados defendiam que o auxílio militar dos EUA à Ucrânia deve continuar o tempo que for preciso

Guerra Na Ucrânia

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2022-11-28T08:00:00.0000000Z

2022-11-28T08:00:00.0000000Z

https://ereader.publico.pt/article/281771338204489

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