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Como participam os jovens na vida pública? Marcelo vai ouvi-los em Braga

Segunda conferência anual virada para as novas gerações com a chancela da Presidência da República realiza-se hoje

Sofia Rodrigues

A participação dos jovens na vida pública está a mudar e cada vez mais virada para causas e menos para filiações partidárias, dizem estudos recentes. A sua expressão em cargos de poder político está sub-representada, apontam outros dados. Como é que os próprios vêem a sua participação cívica e política? A pergunta está no centro de uma conferência patrocinada pelo Presidente da República no âmbito de um ciclo de conferências anuais virado para a juventude, e que deverá reflectir-se noutras iniciativas. Hoje, no Espaço Vita, em Braga, Marcelo Rebelo de Sousa encerra a conferência que, desta vez, foi organizada com a agência nacional Erasmus+ (que gere o Programa Erasmus nos domínios da juventude e do desporto) e que contará com a participação de 500 jovens.

É a segunda conferência do género. Da do ano passado, com o Iscte como parceiro, saiu o compromisso para a elaboração de um livro branco sobre “Mais e melhores empregos para os jovens”, que deve ser apresentado no próximo mês e que contou com a colaboração da Organização Internacional do Trabalho — Lisboa, Fundação José Neves e Observatório do Emprego.

Este livro branco é o resultado de uma conjugação de vontades de várias entidades e desta vez o espírito mantém-se. Ainda não está decidido o que a conferência deste ano pode reflectir: uma grande campanha de mobilização de voto para as europeias de 2024 ou um estudo sobre representatividade dos jovens no poder local. “Ainda não está fechado”, disse ao PÚBLICO uma fonte da casa civil da Presidência da República.

Certo é o compromisso do Presidente em “mobilizar vontades que, por vezes, estão um pouco dispersas”, segundo a mesma fonte, que lembra que Marcelo é um “actor político bem posicionado” para “trazer os jovens para o debate político” por ter com eles “uma relação especial”.

A mobilização para que aumente a representatividade dos jovens no poder político surge como uma necessidade face aos dados conhecidos. Só há 13 deputados (em 230), quatro presidentes de câmara e 221 presidentes de junta de freguesia com menos de 35 anos, de acordo com dados recolhidos pela Presidência da República. Se a fasquia baixar para os 30 anos, não há nenhum presidente de câmara e registam-se cerca de 100 presidentes de junta de freguesia.

Os números podem ser o reflexo de uma transformação. É que as novas gerações parecem mais abertas a ter participação política através de subscrição de petições na Internet ou de angariação de fundos para causas que lhes interessam do que a integrarem partidos, como concluiu o estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), divulgado no final de 2021, sobre o retrato dos jovens em Portugal. Integrada no ciclo “O futuro já começou”, a conferência, que a cada ano se realiza numa cidade diferente, terá dois painéis, um dedicado às dinâmicas que estão a transformar a participação dos jovens, reflectindo estudos recentes, nomeadamente da FFMS e da Fundação Gulbenkian.

Questionando sobre as transformações necessárias para mobilizar a juventude para ter participação pública, o segundo painel dá voz a protagonistas em várias áreas como Neusa de Sousa, fundadora da plataforma Chá de Beleza Afro, que visa o empoderamento das mulheres africanas e afrodescendentes, Vasco Galhardo, que lançou o movimento Eu Voto, Mariana Santos, representante do Colectivo Climáximo, movimento de luta pela justiça climática, e Marco Santos, presidente da Federação Nacional de Associações Juvenis.

Terminada a conferência, Marcelo ficará para o jantar com os participantes e para assistir ao jogo da selecção no Mundial do Qatar. Em 2023, a terceira edição deste ciclo poderá abordar o papel de Portugal no mundo visto pelas novas gerações.

Política

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2022-11-28T08:00:00.0000000Z

2022-11-28T08:00:00.0000000Z

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