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Programação MAAT 2023 ainda sem Serralves mas com Brasil e prémios EDP

O museu terá os brasileiros Ernesto Neto e Jonathas Andrade. E os portugueses Joana Vasconcelos, Luísa Cunha ou Mário Cesariny

Isabel Salema

O pequeno-almoço de apresentação da programação do Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa, começou com um aviso de Miguel Coutinho, director-geral da Fundação EDP: “A programação de 2023 é da exclusiva responsabilidade da Fundação EDP, do MAAT e do seu director João Pinharanda. Por razões óbvias, embora os trabalhos com a Fundação de Serralves continuem a decorrer, não vamos responder a perguntas sobre a parceria. Fá-lo-emos quando a parceria estiver assinada e esperemos que isto aconteça brevemente.”

Em breve, poderá querer dizer ainda em 2022, ou seja, se a programação do próximo ano nada terá a ver com Serralves, a gestão do campus cultural da EDP em Belém, composto pelo MAAT e pela Central Tejo, deverá começar em 2023, concretizando assim o acordo prévio entre as partes assinado há um ano.

O director do MAAT, João Pinharanda, que tomou posse já depois de a parceria ter sido anunciada e tem um mandato até ao final de 2024, anunciou uma programação em que se destacam Ernesto Neto, Jonathas Andrade, Luísa Cunha, Mário Cesariny e Joana Vasconcelos, mas também colaborações com instituições como o Vitra Design Museum e a Fundação Carmona e Costa.

Um dos eixos visíveis é uma atenção ao Brasil, com a presença de um artista histórico como Ernesto Neto, que ocupará a Galeria Oval a partir de Outubro com uma instalação têxtil numa curadoria do também brasileiro Jacopo Crivelli Visconti.

O ano começa com outro artista e cineasta brasileiro, bastante mais novo, Jonathas de Andrade, que trabalha a desconstrução da identidade masculina e representou o Brasil na última Bienal de Veneza.

Na mesma altura, Pollyana Freire, uma artista brasileira que reside em Portugal, mostrará as suas esculturas. Esta exposição, no entanto, cruza-se mais com a vontade do MAAT regressar aos artistas ligados aos prémios EDP, entre nomeados e premiados, outro dos eixos da programação. Se a exposição de Pollya

A Galeria Oval será ocupada em Março pela colecção do artista francês Hervé Di Rosa, que vive em Portugal há muitos anos

na Freire, tal as de Joana Vasconcelos e Ana Cardoso, se inclui no lote dos Prémio Novos Artistas, já as de Luísa Cunha e Cesariny chegam com a aura dos artistas que receberam o Grande Prémio EDP.

Em Maio, com curadoria de Isabel Carlos, o trabalho de Luísa Cunha, com uma obra centrada no som, ocupará todo o primeiro piso da Central Tejo. Foi o último Grande Prémio EDP, em 2020, e terá aqui a sua primeira retrospectiva.

Centenário de Cesariny

Mário Cesariny, um dos primeiros Grandes Prémios, será homenageado no centenário do seu nascimento com uma exposição que também anuncia, já em 2024, as comemorações ligadas à publicação do primeiro manifesto do surrealismo por André Breton.

Joana Vasconcelos trará a Lisboa, em Setembro, a instalação monumental prevista para inaugurar na próxima Primavera na Sainte-Chapelle do Castelo de Vincennes, nos arredores de Paris.

A pintora Maria Capelo, que recentemente recebeu o Prémio FLAD de Desenho, vai ter também já em Janeiro a sua primeira exposição individual num museu de arte contemporânea.

A Galeria Oval será ocupada em Março pela colecção do artista francês Hervé Di Rosa, que vive em Portugal há muitos anos, um momento para descobrir a sua “arte modesta”, que cruza arte bruta e cultura de massas e se pode integrar na figuração livre dos anos 80.

Não é a única conexão francesa da programação — Pinharanda foi adido cultural em Paris antes de assumir a direcção do MAAT —, porque além da Árvore da Vida de Vasconcelos o MAAT mostrará o trabalho de Sandra Rocha, uma fotógrafa açoriana que trabalha em Paris.

Numa continuidade com o trabalho da direcção anterior, da italiana Beatrice Leanza, chegará em Março a Lisboa a exposição Plástico: Reconstruir o Nosso Mundo, resultado de uma parceria com o Vitra Design Museum e o V&A Dundee (Escócia). A colecção da Fundação Carmona e Costa será mostrada numa curadoria de Pinharanda partilhada com Manuel Costa Cabral.

Por último, há ainda uma colaboração prevista para Outubro com o Manicómio, um projecto de Sandro Resende à volta da arte criada pelos artistas com doença mental.

Os desenhos de Paula Lisboa chegarão à Central também no final de 2023, com a exposição a entrar pelo ano de 2024, para o qual também já há programação a ser pensada, como as exposições dedicadas à arte radical do luso-brasileiro Artur Barrio (outro Grande Prémio EDP) ou às fotografias subaquáticas sobre o estuário do Tejo do francês Nicolas Floc’h.

Cultura

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2022-11-26T08:00:00.0000000Z

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